terça-feira, 3 de julho de 2012

TEATRO NA ESCOLA








Dona Baratinha

Texto de Cristina Porto

Baratinha era solteira,
mas queria se casar.
Com marido e muitos filhos
não parava de sonhar.

Certo dia foi varrer
lá debaixo da escada e
encontrou, escondidinha,
a moeda mais dourada.

“Estou rica!” pensou ela,
ajeitando o saiote.
“Vou achar um bom marido,
pois sou rica e tenho dote.”




Pôs na caixa o dinheiro,
arrumou-se lindamente
e ficou lá na janela
aguardando um pretendente.

Logo todo mundo soube
do achado da barata.
E o peru veio apressado,
já querendo marcar data.

“Eu cheguei! Sou o primeiro!”
disse ele esbaforido,
“Não precisa buscar mais,
eu vou ser o seu marido!”


“Estou vendo que o senhor
é bonito e é honesto.
Mas eu devo lhe dizer
que barulho eu detesto!”

“Barulheira me assusta
e até me faz cair.
Me dispara o coração
E não me deixa dormir!”

“O senhor agora sabe
porque eu não casei ainda.
Para alguém casar comigo,
tem que ter uma voz linda.”

“Minha voz é maravilha
e nunca assustou ninguém.
GLU GLU GLU, veja que lindo!
Voz como essa ninguém tem!”

“Que horror! Fora daqui!”
disse a Dona Baratinha.
E o peru, de crista baixa,
foi-se embora depressinha.







O segundo candidato
era um belo de um cabrito.
“Eu me caso com a senhora,
veja como sou bonito!”

“Quero ouvir a sua voz,
mostre já como ela é”.
O cabrito abriu a boca
e soltou um grande BÉÉ!

Pobrezinha da barata,
ela quase desmaiou.
O cabrito foi-se embora
e ali nunca mais voltou.

Muito bicho apareceu
pra casar com Baratinha.
Mas a voz de todos eles
só assustou a pobrezinha.



Mas ai veio chegando
Dom Ratão, bem devagar.
E falava tão baixinho.
Que mal dava pra escutar.

“Que ouvir meu barulhinho?
É CUIM, CUIM, CUIM …
Eu sou calmo e reservado,
Minha voz é sempre assim.”

Baratinha se encantou,
não pensou nem duas vezes,
Do noivado ao casamento
se passaram poucos meses.




Para o grande dia estava
preparado um banquete.
Dom Ratão buscou a noiva
de cartola e de colete.

Quando pôs o pé na casa,
Dom Ratão estremeceu.
Foi direto pra cozinha
e da noiva esqueceu.

“É toucinho, é feijoada
neste enorme caldeirão?
Pro meu prato predileto
como posso dizer não?”

Foi aí que se escutou
um gemido de aflição.
Dom Ratão tinha caído
na panela do feijão!

Dom Ratão saiu de lá
feio, sujo e bem pelado.
Baratinha, ao ver aquilo,
desmanchou logo o noivado.




Livro: Dona Baratinha, de Cristina Porto e Tom Zé





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